Não me tenho debruçado muito sobre o caso Julian Assange, o fundador do WikiLeaks, no presente momento refugiado na Embaixada do Equador, no Reino Unido, e sob a proteção do presidente daquele país sul americano, Rafael Correa. Ao que me consta este senhor zarpou a todo o vapor da Suécia por ter sido acusado de estupro, que lhe daria, se fosse considerado culpado, uma pena de dois anos de prisão.
Julian Paul Assange (Foto retirada da Wikipédia)
No entanto dado a este jornalista/investigador, programador de computadores e hacker de sistemas de computorização ter utilizado milhares de informações do governo americano, algumas secretas (top secret) passados por um militar daquele país, Bradley Manning, agora detido, e que as descarregou posteriormente na internet. Estes dados e vídeos tem vindo a circular pelo mundo, e a justiça do Tio Baraka Obama, quer forçar a sua extradição para os Estados Unidos onde, segundo os entendidos, lhe poderá acarretar a pena de morte por conspiração, ou traição, se, claro, for, num possível julgamento imparcial (?), contemplado com o veredito de culpa daquele crime.
Esta saga que persegue o senhor Julian Assange, é muito típica nestes nossos dias em que os governos dos países chamados democráticos (são?) tentam controlar e manipular a informação e só deixam passar nas suas malhas aquilo que querem pois o resto só Deus e os Seus Anjos é que são conhecedores de tanta patranha "cozinhada" nos Parlamentos e gabinetes de Estado por esse mundo fora. Mas se alguém tem a ousadia de violar estes tabus, ou regras, ficará a contas com a justiça que têm leis, algumas prepotentes e injustas, para punir os prevaricadores, ou rebeldes. Rapidamente dou um pequeno exemplo da campanha mediática prior à invasão do Iraque contra o extinto Saddam Hussein onde se andou a espalhar acusações de ter aquele ditador, que também não era nenhum "santo", pelo contrário, armazenado armas de aniquilação maciça de populações e que depois se verificou serem totalmente falsas e de "fabrico caseiro".
Bom, para não me alongar muito pois o meu boss está sempre a reclamar que escrevo muito (outra atordoada mas, felizmente, inofensiva) quero apenas relembrar os nossos leitores que nos anos cinquentas do século passado, no auge da guerra fria, o senador, americano, obviamente anticomunista, Joseph MacArthur, que representou o estado de Wisconsin, de 1947 a 1957, implantou o MacCarthunismo, onde milhares de cidadãos e firmas, foram incomodados, interrogados e até perseguidos só por, supostamente, simpatizarem com as doutrinas socialistas de Carl Marx ou com a então poderosa União Soviética ou mesmo que estejam em oposição da política da administração da Casa Branca.
Foram anos obscuros onde centenas de milhares, ou até milhões de cidadãos, foram abusivamente, e sem direito a defenderem-se, postos na lista negra, perdendo os seus empregos e negócios. Foi uma época quase de terror em que o cidadão americano viveu à sombra do medo de ser acusado de "comunista" por um familiar, vizinho ou colega de trabalho tal e qual como acontecia na ditadura Salazarista, só que este encarcerava, exilava para o Tarrafal ou até, em alguns casos eliminava fisicamente o oponente, o que aconteceu ao general sem medo, Humberto Delgado.
Agora está nas mãos da justiça da Suécia que se compromete a não extraditar Julian Assange para os Estados Unidos se esta nação levar avante a aplicação da pena capital por traição, espionagem ou coisa semelhante. Mas, e se os Estados Unidos afirmar à Suécia, que só lhe aplicará, caso culpado, a pena de prisão pelos crimes cometidos? É que Julian Assange tem dezenas para não dizer centenas de acusações pendentes e neste campo de espionagem e conspiração contra a defesa e segurança dos Estados Unidos é coisa muito, mas muito séria e que lhe dará, pelo que tenho testemunhado até ao momento, por cada uma delas, dezenas de anos atrás das grades ou pena perpetua. Desta forma está-se antecipadamente a visualizar o desfecho deste capítulo. Não está o caro leitor? Penso que o Julian Assange irá "apodrecer" numa prisão federal qualquer com penas sucessivas que somadas, me ponho a pensar, como coisa disparatada de 475 anos, ou mais, e sem perdão. Seria uma autêntica anedota de mau gosto.
Neste meu raciocínio não quero dizer que simpatize com a proteção dada pelo Equador ao cidadão mais a mais porque tentava escapulir a ser recambiado para a Suécia para ali enfrentar as acusações de assédio sexual. Neste caso, se for mandado de volta para a Suécia, que é o que acabará de acontecer após o desfecho de toda esta turbulência diplomática e mediática (um autêntico circo), e se for sentenciado, pode até ser ilibado do crime, a cumprir a pena imposta pela justiça daquele país nórdico, então deverá estar permanentemente sob vigilância.
Não é porque o senhor Assange venha a tentar outra escapadela rocambolesca, a descer, por exemplo, os muros da prisão por meio de cordas ou pelo uso de ripas dos lençóis da cama ou da enxerga, mas sim para evitar que venha a sofrer as consequências dum ato violento praticado por algum recluso transloucado, e, ainda por cima, quiçá, um grande patriota e admirador do Tio Sam. Era chato à brava e eu ficava a pensar cá com os meus botões se não havia por ali malandrice pois em qualquer prisão os presos de gabarito, ou aqueles encontrados culpados de abuso e assalto sexual, estupro ou pedofilia, correm riscos de assalto por outros "colegas" nessas penitenciárias e que não seria o primeiro nem o último, obviamente. E o crime que Assange é acusado cai num dos atrás referido.
Mas o que peço, e espero que sim, é que a Suécia, um baluarte da democracia neste mundo alambazado com ditadores, democracias e democracias musculada (aquelas que se cognominam nos livros mas que sabemos ser só para inglês ver) não vá extraditar Julian Assange após o cumprimento da pena se for este o caso, obviamente, e então ser extraditado novamente, desta, para os Estados Unidos para ali enfrentar as acusações dos crimes que lhe são atribuídos. Aqui sim, penso, e quase que estou certo, que haveria motivo político oculto...
Mas que o Julian Assange terá que enfrentar, mais tarde ou mais cedo, a justiça na Suécia, nisto não há lugar para dúvidas e penso que todos concordam comigo.
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